quarta-feira, 25 de abril de 2007

Intento


Perguntou-me uma vez como seria possível amar diferentes corações ao mesmo tempo. Eu lhe respondi que nunca soube de situação parecida e jamais acreditaria no intuito de um amor cuja veracidade sofresse divisão ou comparações.
Ficou mudo por uns minutos, replicou que pensava da mesma forma e saiu sem se despedir.
Ao ouvir as batidas do seu coração se distanciando, percebi o real motivo de tal questionamento.
Não era a mim que ele amava, mas pensava em ouvir uma resposta clara para todas as suas dúvidas, por julgar-me apta e conhecedora de algumas possibilidades e esperanças da existência.
Estava enganado.
Não há conhecimento capaz de desvendar os mistérios do amor, mas uma mente limpa de preconceitos pode distinguir as armadilhas tentadoras e confusas da vida.
Foi assim, dessa maneira, sem precisar lhe dizer nada, o fiz compreender a maneira mais simples de eliminar sensações de embaraço.
A percepção do amor verdadeiro veio como uma chuva de sentimentos reais e varreu todo o vestígio de incerteza.
Eu soube depois, que não houve brigas nem despedidas.
Tudo voltou ao normal como se o antes não houvesse existido e o agora fosse à única verdade.