segunda-feira, 19 de abril de 2010

Latência




No amargor da raiva
largou um sorriso amarelo - 
feito jiló,
a despistar seu sabor doído 
com o verdor áspero de ranger os dentes.

Por fim,
respirou fundo, 
engoliu o orgulho 
e com a cabeça erguida, 
permaneceu até o fim.

domingo, 18 de abril de 2010

Recôndito

A mulher fechou a janela,
não quis mais prosa,
enjoou da vista.

Acabaram-se as visitas
vespertinas,
repentinas,
duradouras.


Expulsos curiosos,
desconhecidos,
admiradores,

só restou a lembrança
da poesia
outrora tão apreciada,
agora tão secreta.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quebranto



A cálida desordem
descansa adornada
de choro e promessa,

enquanto


o silêncio dormente
expira vazio
e abisma alvoroço.

Melancólica
escorro hipnótica,
salivo teu nome
e degusto saudade.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Travessia


Quando pensar o amanhã,
esqueça o agora,
perca a memória,
mas não a sensibilidade.
Atravesse a rua,
siga o princípio,
conheça o tempo,
mas vá só.

Talvez eu te encontre do outro lado.