segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Despedida


Ainda lembra da ultima vez que disse "Eu te amo".

Foi numa tarde quente de desventuras, mas ainda repleta de esperança.

Não ouviu resposta, mas sabe que foi compreendido pelo brilho no olhar. Pelo sorriso conseguiu sentir a reciprocidade das palavras.
Sentia um pouco de medo, mas soube que era chegada a hora, e talvez por esse motivo, a emoção se aproximava cada vez mais forte, tomando conta do ambiente e das pessoas.
Num último gesto, ofereceu um beijo e abraço demorado, consciente que dissera tudo para despedir-se sem culpa.

Seria a ultima vez a tocar-lhe o rosto ainda repleto de luz, e a sentir a respiração ainda cansada, mas presente com seu confortante calor.

Soube naquele momento que só o reencontraria em seus sonhos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sonhos


Sempre o reencontra em inesperadas situações, principalmente quando o coração aperta sentindo saudade. Nessas ocasiões acredita no impossível e nada pergunta, na esperança de que o momento não passe, ou os segundos demorem mais um pouco.
É como se o tempo fosse a areia escapulindo rápido de suas mãos, e a poeira que fica no ar permanece como uma lembrança mais forte, deixando a sensação de conforto, e por isso não desperdiça os poucos segundos, usando a criatividade.

Nessas mínimas ocasiões ouviu gargalhadas, sentiu o abraço e até mesmo segurou em sua mão para conseguir caminhar aliviada, após a garantia que nada lhe aconteceria - pois lhe disseram para não confiar nem acompanhar alguém que está do outro lado dos sonhos. Mesmo assim, foi e não se arrependeu.

Esses reencontros lhe oferecem novo fôlego, e insinuam como a vida de ver ser continuada porque cada dia é único.

Hoje ela sabe distinguir os sonhos da realidade e sente-se bem ao saber que o amor nunca deixa de existir, e nem o tempo é capaz de apaga-lo.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Prisão


LIBERTEM-ME!


Repetia o grito emudecido que sua alma angustiada assoprava entre seus ouvidos, e ainda ofegante atirou-se ao mar, na esperança de desprender-se dos malditos instintos hereditários e repetitivos.

Não era suicídio.

Era vontade pura de viver, ao quebrar o vidro da redoma na qual se escondia diariamente.