quinta-feira, 26 de abril de 2007

Despertar


Era uma pessoa inteligente e mal acostumada.
Tinha uma enorme vontade de aprender, mas o comodismo a transportava para uma dimensão ociosa onde a preguiça exercia domínio quase total. As artes, suas paixões, eram admiradas em segredo, escondendo sua inclinação e afeição pelos segmentos artísticos.
Não sabia por que sentia vergonha dos seus gostos e amava escrever.
Tinha plena noção de sua ignorância a respeito de todas as coisas que admirava adiando sempre seus afazeres. Pensava que não possuía inteligência suficiente para aprender, e supunha que seu intelecto não suportaria enfrentar exercícios de aprendizagem mais complexos, mas tinha muita esperança de ser resgatada de pensamentos tão cruéis.
Sabia não ser a única a suportar tais pressões imaginárias e sabia também ser capaz de salvar-se do afogamento mental ao qual se impôs.
Era uma lição que lhe custaria um esforço descomunal e muita fé.