terça-feira, 24 de junho de 2008

Mortal


Durante muito tempo questionou sobre o porquê da existência.

Não sabia se queria realmente encontrar as explicações ou apenas refugiar-se nessas questões abstratas e sem respostas para não perceber a realidade.

Não lembra exatamente quanto tempo demorou procurando certezas, e nem contou quantas interrogações surgiram.

Não viu quando esqueceu o tempo e perdeu o presente tentando desvendar o futuro, mas foi no passado que encontrou uma resposta:

Viver é estar presente hoje, agora sem perguntar o por quê.

Viver é ter certeza que o futuro é incerto.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Desvario


Os gritos não trazem a sensatez de volta, nem as palavras tortas a sanidade.

O descontrole busca a aversão, retrai a clareza e espanta a razão.

Explosões de palavras odiosas saem engasgadas de desespero, e numa única sílaba soluçada de angústia, um pedido de socorro explode.

O objetivo não é espalhar o ódio, mas traduzir a aflição na forma de raiva, na esperança de ser resgatado de sua obscuridade íntima.

domingo, 8 de junho de 2008

Descuido



Esqueci meu nome, abandonei o susto de parecer ridículo, mudei de identidade e voltei a escrever.

No silêncio das palavras esculpidas, perdi vírgulas, acentos e sílabas. No escuro da descoberta, perdi também as horas de concentração e deixei cair as lacunas no meio de tantos escritos. Embaralhei frases, perdi parágrafos e idéias.

Descuidado, desaprendi a ler.

Perdi a razão em meio a tantas letras misturadas aleatoriamente, de maneira que não mais consegui decifra-las.

Parece que perdi minha alma, mas estava apenas reaprendendo a identificar nos pensamentos, algo que valesse a pena ser escrito.


Nada achei!