terça-feira, 19 de agosto de 2008

Unidade



Não tem máscaras.


Tem várias de si mesma que carrega consigo.

A cada encontro, a cada conversa, conforme seus sentimentos, vai empregando as diversas faces que compõem seu ser.

Às vezes cala, outras grita. É receosa, desembaraçada, frágil, resistente, estúpida, amorosa, consciente e alienada em seu próprio mundo, e somente com um sorriso nos lábios consegue mostrar quem é.

Vive não em si, mas nos outros, porque foi assim que aprendeu a desconstruir sua personalidade.

Não é atriz, porque não finge. Apenas não lhe ensinaram a expressar seus sentimentos. Teve de aprender por si só, escorregando sorrisos e aprisionando embaraços.
Insistente, vai distribuindo suas emoções na esperança de conseguir captura-las para condensar seu verdadeiro eu, ou simplesmente para perder-se por completo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tumulto


Silêncio!

Deixa que o som das palavras não faladas encham o ar de segredo.

Sente o peso dessa ausência de expressão tão carregados de sonoridade,
dessa falta do que preencha o ar de sentimento.

A solidão rouca, quase sem voz, imprimida na face da inexistência habita em mim.
É Confidência!
Medo de existir.

Temor da inércia ante à realidade.

sábado, 16 de agosto de 2008

Opostos


Ele, igual a tantos outros, se orgulha de não ser intelectual, não parecer diferente, nem procurar na aparência seu disfarce.
Ele é o que é, e nesse aspecto, diferente de muitos.
Ela destaca-se da multidão. Bonita, vaidosa e elegante, tem seu charme, mas esconde-se atraz de uma intelectualidade forçada pelas palavras achadas em dicionários, e de uma beleza forjada em exageros estéticos, (cirurgias e afins).
Ela, totalmente o oposto dele, não faz questão de parecer quem realmente é, e nesse aspecto é igual a tantas outras.

Vivem no mesmo mundo, mas não o enxergam da mesma maneira.
Ela , recalcada em seus preconceitos, o admiria em segredo. Enxerga nele, tudo que sempre quis ser, porém com cautela excessiva, finge não vê-lo por puro pre-conceito.
Ele, com sua sinceridade exagerada, nem consegue conter-se quando ela se aproxima, e a admira sem disfarces, embasbacado.

Duas almas opostas, e por não se conhecerem, se admiram: Franco, a simplicidade em pessoa e Inconstança, a efemeridade em forma de mulher.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Egoísmo


Nega suas convicções
assume erros que não comete
boicota seus próprios sonhos,
disfraça sua tristeza e
insiste num sorriso pálido.

Enquanto nega sua existência
culpa o outro pelo seu desgosto
para diminuir a aflição
de não enxergar além de seu próprio umbigo.