quarta-feira, 30 de abril de 2008

Beijo



Se desabo em teus braços,

desejo escorrer

embriagada no delírio do teu beijo.

Se te beijo, me embriago

escorrendo de delírios

e desabo

desejando teus braços.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Vocação


Desarmou o desencanto,
Encarou a verdade,
Desafiou o momento e
Resgatou a coragem
Principiou a construção do seu futuro
E nas páginas de um livro descobriu sua vocação:
Decifrar os enigmas escondidos dentro do coração
de quem ainda não sabe escrever,
ensinando a desenhá-los no papel.

domingo, 27 de abril de 2008

Desafio


Sentia falta de conversar com alguém sobre si mesmo, para afastar o descrédito adquirido, pelo tempo em que passara distante e recluso. Estava livre, porém não sentia essa liberdade em suas entranhas, nem em seu coração, muito menos em seu espírito. Andava sonolento e pensativo como quem duvida da possibilidade de encontrar-se realizado em todos os aspectos de sua vida.

Costumava estudar bastante e procurava absorver cada palavra como se fosse um delicioso jogo de adivinhação, onde podia interpretar e viajar pelas várias épocas da história. Sorvia os textos e livros a despeito da falta de vontade, ou talvez do receio que sentia de botar para fora tudo que sentia. Temia ferir alguém ou ser ferido, ao constatar que não andara de acordo ao que se comprometera pela sua falta de atenção, desleixo e impaciência constantes.

Refletiu bastante, mas não se achou culpado, porque na realidade nada fizera. Era crítico em demasia consigo mesmo e isso acarretava em culpa, que por sua vez o levava de volta à crítica. Este círculo interpretativo de si estava levando-o a loucura. Não podia desmentir o que sentia, pois se o sentia, era real. Confundia sempre suas interpretações e quase sempre caia em desentendimento com sua vida, sua rotina. Estava aflito e sensivelmente perturbado, porque achava que a solução estava além do seu entendimento.

Sabia o que queria para sua vida, tinha certeza do que realmente gostava, mas não sabia que para chegar ao destino, passaria por uma série de contradições, e deixaria de lado tantas coisas rotineiras e prazerosas de sua vida.

Após certo tempo, chegou à conclusão que não sentia a liberdade por não achar-se preparado para encarar a vida, devido à reclusão interior vivenciada. Acostumado a não encarar os desafios temia não ser capaz de contrapô-los. Sentia-se como uma criança que acaba de sair do útero materno e estranhando o novo mundo, chora pedindo para voltar no tempo.

Demorou um tempo, até aceitar sua trajetória e não se envergonhar dela. Deixou de lado a saudade do irreal e resolveu seguir em direção ao que sempre buscou: novos horizontes para interpretação e continuidade de sua história.