sábado, 29 de setembro de 2007

Subjetivo


Percorreu eufórica, a entrada que levaria até sua antiga casa, mas não sabia ao certo o que haveria de encontrar lá. Sentia um frio na barriga, uma sensação de suspense e medo.

Não lembra como entrou no quarto. Só recorda de perceber-se recolhendo os seus antigos pertences dentro de uma sacola plástica. Havia muitas coisas velhas, produtos vencidos e perdidos.

Perguntou se realmente precisaria de tudo aquilo... Não sabia...

Sentiu um desgosto imenso, e começou então a esvaziar a sacola que antes enchera com tantos objetos. Agora eles não lhe serviriam, devido ao grande peso em sua consciência que carregou durante toda a vida.
Correu para o portão de saída, e atrás dele, seus fantasmas seguiam despedaçados e desesperados por não serem esquecidos, mas ele não os queria de volta.

Tentou partir antes do portão fechar, mas seus perseguidores saíram à sua frente e ele não fez questão de alcançá-los.

Ficou preso entre os destroços de seu antigo mundo, como a criança que teme olhar detrás da porta ou embaixo da cama, para não ver assombrações imaginárias.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Agradável


O impulso subestimou o propósito, e lançou-se sobre o contentamento.

A alegria, cansada, cerrou os olhos, e adormeceu pensativa sobre a amizade.

Acordaram sonolentos e surpresos ao tornarem-se idênticos, após um longo abraço arrebatador.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Cicatrizes

Esperava compreensão, mas a loucura desnorteou seus objetivos ao sorrir confusão e despejar insanidade.

Não era surpresa a contrariedade sofrida, após vivenciar momentos parecidos durante anos de sua vida, de forma extremamente natural.

Agora sentia cada vez mais o distanciamento daquela época estranha e cruel, esquecendo dos sombrios momentos ocorridos, e hoje sorri como alguém que nunca viu a escuridão, embora ainda carregue dentro de si um lado desconhecido, acreditando ocultar uma parte de tudo que deseja apagar para sempre.

São marcas incômodas e insistentes , porque não sabe como apagá-las, apesar da maquiagem realizar um disfarce quase perfeito.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Restauração


Transpira lágrimas adocicadas de lembranças quando chora as sombrias perdas embriagadas pelo passado.

Passa dias a penetrar em um poço encharcado de pedras, procurando os traços ocultos das circunstâncias, perdidas no abismo da linha temporal.

Não há rastros.

Não conseguirá achar indícios dos momentos findos.

Acabará por recolher as pedras, e delas fará uma escada para subir de volta à vida.

sábado, 1 de setembro de 2007

Superação


Caiu,
chorou,
levantou,
ergueu a cabeça,
limpou as lágrimas,
sorriu e
agradeceu,
porque não havia doído tanto.